Fui convidado para conceber uma mesa de baixela para uma exposição internacional. A sua proporção não pode afastar-se muito das mesas tradicionais, já que a organização das peças em prata obriga a dimensões quase precisas. Ao contrário, em relação aos dois trabalhos anteriores, aqui o diálogo é estabelecido com objectos ornamentais e de referências fortemente tradicionais. Imediatamente e uma vez mais em oposição, pensei numa mesa hightech que me permitisse “transgredir” as leis físicas da gravidade, sugerindo, em oposição às mesas de baixela pesadas e graves, leveza e elegância.
As duas únicas pernas de diâmetro reduzido e pés de galo que a sustentam, lembram a mesa tradicional Inglesa.
Para materializar a minha ideia tive que recorrer à alta tecnologia industrial, concebendo uma estrutura metálica leve capaz de se aliar a contraplacados compostos por resinas especializadas. Os favos e as colas especiais permitiram criar uma rigidez no tampo proporcionando a solidez necessária ao seu grande vão e consolas. A expressão da espessura é de apenas 4mm de um tampo com medidas aproximadas de: comprimento 3,30m, largura 1,20m.
A leveza não se confina exclusivamente à sugestão produzida pelo desenho, mas é de certa forma real, duas pessoas podem pegar nela com facilidade e sem qualquer deformação.
O recurso do criador às novas tecnologias, a possibilidade de trabalhar com vários materiais e especialidades em simultâneo e de uma forma profissional e coordenada não é tarefa fácil ainda em Portugal. No entanto, a concorrência saudável dos mercados, as pressões e as vontades dos particulares, empresas e profissionais já provaram ser possivel criar a dinâmica necessária para que possamos competir com os paises desenvolvidos.