Este projecto situa-se num terreno de 3 324 (três mil, trezentos e vinte e quatro) m2, com entrada pela Rua Santos Dias, nº472, em São Mamede Infesta, Matosinhos, distrito do Porto.
Uma Quinta antiga, do princípio do século, constitui o espaço escolhido para comportar um projecto cujo programa consiste num salão de festas destinado a realizar eventos de diferentes contextos tais como recepções, cocktails, conferências, casamentos, baptizados, entre outros.
A propriedade denominada Quinta do Eirado, anteriormente pertença de uma família Inglesa dedicada à comercialização do Vinho do Porto, um negócio instalado no Norte de Portugal, foi recentemente adquirida por uma família Portuguesa que mostrou, desde o início, a vontade de fazer do edifício pré existente a sua própria moradia.
Desde o início da aquisição surgiu a ideia de rentabilizar este espaço, dotando-o de uma estrutura de apoio à casa existente.
O tipo de equipamento pretendido pelo actual proprietário contém em si características que não poderiam ser descuradas. As dimensões do espaço criado deveriam respeitar um programa que pretendia albergar 400 pessoas. Por constituir uma área relativamente apreciável, houve a preocupação de criar um volume contrastante, formal e esteticamente, com a pesada volumetria da Casa mãe. Neste contexto foram idealizados dois planos (cobertura e plataforma) com o intuito de responder aos requisitos do programa e às adversidades do terreno.
O terreno, com variações topográficas, apresenta características rurais embora esteja inserido numa zona urbana consolidada. A implantação do presente projecto teve como primordial intenção a ideia de transformar e optimizar o Jardim, sem que por isso se optasse por uma construção amovível, de carácter efémero, nada dignificante para quem pretendia fazer da Quinta do Eirado a sua residência permanente.
A ideia surgida contemplou uma estrutura de raiz, imóvel, sólida e intemporal, procurando a zona mais isolada e espaçosa do Jardim, situada num dos extremos da Quinta, limitada pelo muro Nascente. O ambiente criado no espaço descrito, marcará o fim de uma lógica de acontecimentos intimamente relacionados com um percurso desenhado a partir da entrada da Quinta.
A necessidade de criar um elemento forte capaz de organizar um percurso, anunciado pelo Portão pré existente, aliado à religiosidade da família em questão, surgiu a possibilidade de conceber uma Capela, de raiz, quer para culto privado, quer utilizada como elemento de cumplicidade, de índole similar, com os posteriores acontecimentos que tomam lugar no Salão de Festas.
No enfiamento do Portão de entrada, levanta-se uma volumetria, muita fina e vertical, de modo a não originar um impacto massivo, relativamente à entrada e à Casa mãe. A Capela aparece como um corpo esguio, deixando entrever as áreas verdes adjacentes ao mesmo tempo que deixa respirar o edifício pré existente. Passando o Portão, o espaço continua amplo e fluído, com a diferença de se começar, a partir deste momento, a estabelecer relações coesas entre os vários elementos que compõem o conjunto.
A Capela é constituída por uma nave central, com um Baptistério à esquerda, junto à entrada do público. O desenvolvimento deste elemento faz-se no sentido longitudinal contido na relação Entrada/Altar. A posição estratégica do Altar permite dividir a nave central da Sacristia. A luz torna-se um factor importante neste sistema de relações. A sacristia, situada atrás do Altar, é agraciada com um painel de vidro, semelhante em dimensões à porta de entrada e colocada no lado oposto, possibilitando esculpir o interior da Capela com a luz natural, provida do exterior. O Altar foi concebido como uma escultura. O seu talhe permite penetrações laterais de luz vindas da Sacristia. Da nave central, percepciona-se o Altar em contra luz, desenhando a sua silhueta.
A orientação da Capela apresenta uma ligeira torção. Este gesto prende-se com a intenção de colocar a entrada do público virada, o mais possível, a Poente (Sudoeste), respeitando a orientação preferencial, Nascente/Poente, na implantação de Igrejas e Capelas e simultaneamente o eixo rigoroso do percurso a partir da entrada.
O desenho deste volume, em betão aparente, pretende responder, com expressividade, ao apelo da contemporaneidade.
Por razões adversas, não foi (ainda) possível construir a Capela. A Igreja Católica, na pessoa do Pároco de São Mamede Infesta, apenas aceita as conformidades dos eventos religiosos celebrados na Igreja Matriz.
O percurso, traçado em calçada Portuguesa, une os extremos da propriedade, articulando as áreas verdes e relacionando os elementos propostos e as pré existências.
Atravessando o Portão, mergulhamos numa viagem pela Quinta que culminará no pavilhão de festas, permitindo conhecê-la em toda a sua extensão.
Ao caminhar para Nascente, passando pela Casa mãe, vai-se percepcionando e descobrindo, subtilmente, o volume, por entre o verde e os anexos em granito. A escolha deste sítio foi premeditada, na ânsia de ir causando expectativa às pessoas que iriam utilizar este espaço. O pequeno pavilhão, observado a partir da Casa mãe, passo a passo, ganha expressão e escala.
Neste extremo, o terreno desce, organizando-se em plataformas. Os níveis criados permitiram estabelecer uma hierarquia de vivências, remetendo para diferentes planos cada uma das funções.
A construção pousa no meio desta zona do terreno por forma a compor espaços livres, criando à sua volta condições que permitem à construção respirar. Estrutura-se através de dois planos horizontais que a limitam superior e inferiormente. As duas lajes, cobertura e pavimento, estão ligadas por superfícies em vidro, capazes de conferir à estrutura a transparência necessária para, no limite, serem apenas lidos os seus planos horizontais. A leveza do volume é acentuada pela entrada de luz, em todas as suas faces laterais. A estrutura, envolvida por planos transparentes, parece flutuar. A cumplicidade entre o exterior e interior é notória, permitindo uma inter-relação entre o observador e a envolvente. A realidade não se pode esconder. A ordem e o caos revela-se, aberto o horizonte ora para a Serra de Valongo, ora para o crescimento urbano espontâneo, resultante das pressões e intenções de particulares.
A área pública, desenvolvida à superfície, apresenta um espaço fluído conseguido através deste plano horizontal que esconde os serviços, colocando-os a níveis inferiores. O mármore do tipo Ataíja foi o material de revestimento interior escolhido por ser resistente e requintado, características pretendidas e adequadas a este espaço. Este projecto, conceptualmente inovador neste ramo, recupera valores do sítio, revivendo materiais inerentes ao espírito do lugar, preservados nos muros de meação e anexos.
No interior do Salão, no topo Poente, encontra-se um sistema de escadas que organiza três lanços; dois para os sanitários públicos que cruzam com um outro, projectado em sentido contrário, estabelecendo o acesso aos serviços. O pormenor do corrimão funciona como fronteira, garantindo a separação das diferentes áreas, uma pública e a outra privada.
A modelação da acentuada pendente através da criação de níveis, tornou o jardim praticável. Simultaneamente aproveitou-se para inserir o restante programa, numa situação semi enterrada, permitindo esconder as áreas de serviço e optimizar a rentabilização do espaço. Este piso comporta infra-estruturas de apoio necessárias aos diferentes eventos realizados tais como sanitários, cozinhas, copas, vestiário e um quarto com sanitário privado.
As copas são iluminadas naturalmente, sem insolação. A luz é filtrada de modo a não haver, do exterior, a possibilidade de comunicação visual com o interior.
Na sub cave situa-se a casa das máquinas e sanitários relativos aos serviços. Para o bom funcionamento de todas as zonas introduziu-se um sistema de ventilação eficaz. Na cobertura foram instalados os equipamentos de ar condicionado por forma a optimizar a climatização Verão/Inverno.
A piscina encontra-se à cota mais baixa do terreno, servida por balneários femininos e masculinos e ladeada por outra zona relvada. Neste nível existe ainda a entrada, independente, para a área de serviços. Estas aberturas encontram-se no plano dos muros de suporte das terras do nível superior.
Os percursos exteriores estabeleceram-se junto aos muros de meação em granito, através dos quais se percepciona o volume em toda a sua plenitude, permitindo ao observador enquadra-lo no seu ângulo de visão.
A Norte dos anexos foi concebida uma estrutura, a qual consiste num elemento vertical, corporizada por uma barreira opaca, em betão aparente, correspondente à garagem. Este elemento vertical e a sua implantação na periferia surgem em oposição aos planos Horizontais e à implantação centralizada do pavilhão.
O estacionamento público organiza-se no terreno adjacente, pertencente à propriedade.
This project is situated on a site of 3 324 m2, with an entrance through Dias Santos street, number 472, in São Mamede Infesta, Matosinhos, district of Oporto.
An old farm, from the beginning of the century, represents the space chosen to comport a project which program consists on a party saloon, destined to different events such as receptions, cocktails, meetings, weddings, baptisms, among others.
The property named as Quinta do Eirado, previously possession of an English family dedicated to the business of Oporto’s wine installed on the North of Portugal, has been acquired recently by a Portuguese family, who has shown, since the first moment, the intention to transform the pre-existent building into their own residence.
The first idea was to make profitable this space, endowing it with a support structure related to the existent house.
The kind of equipment required by the owner contains some characteristics which couldn’t be forgotten. The dimensions of the project should respect the program for four hundred places. From this perspective, the project should result on a contrasting volume, formal and aesthetically, with the massive shape of the house.
Two platforms, one for the floor and the other for the covering, involved by a glass surface, are the few elements chosen to answer the present program and the adversities of the ground.
The farm presents rural characteristics, with topographical changes, inserted in an urban and consolidated area. The primordial idea was to transform and optimise the garden, excluding the option for a short-lived movable structure, improper for this specific place.
The project contemplate an structure, immovable, solid and timeless, settled on the most isolate and ample place of the farm, implanted on the extreme East, that finishes the course initialised on the property entrance.
It was necessary to create a strong element capable to relate all elements existents on this course. Due to the religiosity of this family, the choice for one important mark was more easy to run. A chapel, destined to private cult and public use, occurred as the most logic option.
On the threading of the entrance gate, rises one volume, elegant and vertical. The chapel don’t interfere with the landscape, letting the pre-existing construction breathe and allows to foresee the green areas. At the moment we cross the gate, the place continues to be ample and fluid as it was at the beginning. The difference is based on the new system of strong relations that unify the whole.
A central nave, composes the chapel with the baptistery on the left side, close by the inner door. The altar was strategically placed, allowing the division between the central nave and the sacristy. The lightning is an important factor for the interior design. The sacristy, behind the altar, is graced with a glass panel, with similar shape and on the opposite side of the inner door. The altar was conceived has an sculpture. Its silhouette could be seen, by the inside of the nave, against the light.